quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Fazendo a egípcia

busto de Nefertiti (séc XIV a.C.); estátua da deusa Selket, da tumba de Tutankamon (séc XIV a.C.)

Pode-se dizer que os egípcios criaram a base de quase tudo aquilo que conhecemos como cosméticos atualmente. Tanto homens quanto mulheres eram extremamente zelosos com sua aparência e higiene. Tamanha era a importância dos cosméticos que os egípcios costumavam ser enterrados com suprimentos de cosméticos para a vida no outro mundo. Desde sombras até tinturas para clarear ou escurecer a pele, sacerdotes produziam cosméticos com misturas de gordura animal, minerais e resina perfumada, pois estes produtos estavam diretamente associados à medicina e à religião. Suas fórmulas eram secretas e os cosméticos eram vendidos a preços elevados, daí o tamanho pequeno dos vasilhames encontrados por arqueólogos e exploradores. Porém, provavelmente a imagem mais associada ao Egito Antigo são os olhos bem delineados, registrados em diversas pinturas e estátuas.

Desenhar os olhos como o dos gatos - animais reverenciados no Egito Antigo - visava aumentar o poder e a beleza do espírito humano. Com o kohl, os egípcios aumentavam e corrigiam o formato dos olhos e sombrancelhas, alongando-os e deixando-os mais sedutores. Este cosmético consistia em um pó composto de vários minerais como óxido de manganês, antimônio, cobre, chumbo, malaquita, além de amêndoas torradas. Sua cor variava desde o preto, cinza até as mais diversas cores, dependendo dos minerais adicionados. Confeccionados em alabastro, madeira, vidro, faiança ou bronze, os tubos ou potes de kohl em geral eram duplos, triplos, quádruplos ou até mesmo quíntuplos, separando cores diferentes, semelhantemente aos nossos atuais estojos de maquiagem. Antes de ser aplicado, o pó de kohl era misturado à saliva ou óleo em paletas ou colheres especialmente designadas para este fim, e aplicado ao redor dos olhos e sobre as sombrancelhas raspadas com espátulas de madeira, prata, bronze, marfim ou faiança. O grosso contorno negro ao redor dos olhos ajudava a diminuir o ofuscamento pela luz do sol. Também acreditava-se que o kohl espantasse o mau olhado ("evil eye"). Também era usado como repelente, impedindo que um determinado mosquito pousasse e picasse as pálpebras. Os tubos continham inscrições com prazo de validade, sugerindo que o kohl também tivesse poderes medicinais.

(esq.) tubo de kohl em madeira e espátula de ossca. 1550-1307 a.C.;
(dir. sup.) pote e aplicador em pedra sabão ca. 1492–1473 a.C.;(dir. inf.) colher cosmética de madeira e marfim ca.1391-1353 BC 

Desde a década de 60, quando os olhos bem marcados com delineador preto ressurgiram com força total, eles têm se mantido na moda, passando pelos góticos, punks e outros adeptos. Em 2010, com a tendência retrô apontada nos desfiles internacionais, vimos o delineado felino voltar às passarelas e às ruas.

(esq. para dir.) maquiagem primavera/verão 2010 de Oscar de La Renta, Marc Jacobs e Roberto Cavalli


Fontes: livro do Richard Corson e da Ana Carlota R. Vita

2 comentários:

Carol Rangel disse...

Cintia querida,
Parabéns pelo o blog, amei o post fazendo a egípcia.
Passarei por aqui mais vezes!
Um super beijo,
Carol Rangel

Daisy disse...

Mais um post sensacional!

Sempre adorei esse tipo de maquiagem em torno dos olhos. Tive uma adolescência meio "gótica" (pra dizer o mínimo) e até hoje sou influenciada por esse tipo de visual.
Associo sempre essa influência aos anos 80. Você se lembra da música "Walk like an Egyptian" do Bangles e as maquiagens sensacionais da Siouxsie? http://1.bp.blogspot.com/_feKCUOgjz_M/TNNDnc8DAGI/AAAAAAAACTk/ss1WyXeRHmw/s1600/siouxsie.jpg