Curtas & rápidas

Depois de um sumiço de mais de um mês, retorno às atividades do blog descansada das férias.


Após 10 meses de negociações, a rede vareijsta holandesa C&A lançará dia 22 de março a coleção de Stella McCartney para a C&A. Em iniciativa inédita, pela primeira vez uma rede no Brasil fecha parceria com um estilista internacional. Em clima de contagem regressiva, a Vogue deste mês publicou uma prévia exclusiva de alguns dos 27 modelos. Apesar dos preços na casa dos três dígitos, a rede aposta em frisson e correria, e distribuirá senhas que possibilitarão às consumidoras mais afoitas a entrada nas lojas a partir das 8:30h da manhã no dia do lançamento. Mantendo-se fiel à preocupação ambiental de McCartney, as peças não contêm couro ou materiais sintéticos. Na casa dos 3 dígitos, as peças são releituras de desenhos de coleções antigas de McCartney, com desenho básico e adaptadas ao gosto da consumidora brasileira.

Cee Lo Green lançou esta semana o vídeo para a faixa "Bodies", de seu último álbum "The Lady Killer". Mais conhecido como metade da dupla Gnarls Barkley (lembram-se do megahit "Crazy", de 2006?), neste álbum solo o intérprete criou um personagem - o "assassino de mulheres" do título - que, após uma grande desilusão amorosa, passa a se vingar do sexo feminino. O vídeo clipe macabro mostra o cantor satisfazendo sua sede de sangue e colecionando os sapatos de salto alto de suas vítimas, como souvenir de sua vingança. Dirigido por Mikael Columbu, o vídeo conta com participações especiais da atriz Kerry Washington, da cantora Janelle Monáe e do "kaiser" Karl Lagerfeld - hilário com um capacete de futebol americano com o logo Chanel. 

Como curiosidade fashion, também vale notar a aparição de um sapato da icônica coleção desenhada por Alexander McQueen, para a primavera 2010 (por volta do minuto 2:40). Seria uma pequena homenagem por ocasião do primeiro aniversário da morte do enfant terrible da moda?

A New York Magazine publicou matéria sobre o famoso casal de blogueiros de moda, a francesa Garance Doré e o norte-americano Scott Schuman.

Schuman foi um dos precursores dos blogs de streetstyle (seu primeiro post data de 2005). A ilustradora Garance iniciou seu blog como maneira de se impor prazos e acabou tornando-se também fotógrafa. Segundo a matéria, a grande revolução destes blogs foi a de retratar pessoas comuns vestindo looks interessantes de modo real e menos "editorialesco".Além disso, ao fotografarem desfiles e seus espectadores, eles acabaram catapultando editores de moda como Anna Dello Russo e Giovanna Battaglia ao status de celebridades de internet e tranformando quaisquer peças por elas vestidas em desejo instantâneo de consumo.

Fazendo a egípcia

busto de Nefertiti (séc XIV a.C.); estátua da deusa Selket, da tumba de Tutankamon (séc XIV a.C.)

Pode-se dizer que os egípcios criaram a base de quase tudo aquilo que conhecemos como cosméticos atualmente. Tanto homens quanto mulheres eram extremamente zelosos com sua aparência e higiene. Tamanha era a importância dos cosméticos que os egípcios costumavam ser enterrados com suprimentos de cosméticos para a vida no outro mundo. Desde sombras até tinturas para clarear ou escurecer a pele, sacerdotes produziam cosméticos com misturas de gordura animal, minerais e resina perfumada, pois estes produtos estavam diretamente associados à medicina e à religião. Suas fórmulas eram secretas e os cosméticos eram vendidos a preços elevados, daí o tamanho pequeno dos vasilhames encontrados por arqueólogos e exploradores. Porém, provavelmente a imagem mais associada ao Egito Antigo são os olhos bem delineados, registrados em diversas pinturas e estátuas.

Desenhar os olhos como o dos gatos - animais reverenciados no Egito Antigo - visava aumentar o poder e a beleza do espírito humano. Com o kohl, os egípcios aumentavam e corrigiam o formato dos olhos e sombrancelhas, alongando-os e deixando-os mais sedutores. Este cosmético consistia em um pó composto de vários minerais como óxido de manganês, antimônio, cobre, chumbo, malaquita, além de amêndoas torradas. Sua cor variava desde o preto, cinza até as mais diversas cores, dependendo dos minerais adicionados. Confeccionados em alabastro, madeira, vidro, faiança ou bronze, os tubos ou potes de kohl em geral eram duplos, triplos, quádruplos ou até mesmo quíntuplos, separando cores diferentes, semelhantemente aos nossos atuais estojos de maquiagem. Antes de ser aplicado, o pó de kohl era misturado à saliva ou óleo em paletas ou colheres especialmente designadas para este fim, e aplicado ao redor dos olhos e sobre as sombrancelhas raspadas com espátulas de madeira, prata, bronze, marfim ou faiança. O grosso contorno negro ao redor dos olhos ajudava a diminuir o ofuscamento pela luz do sol. Também acreditava-se que o kohl espantasse o mau olhado ("evil eye"). Também era usado como repelente, impedindo que um determinado mosquito pousasse e picasse as pálpebras. Os tubos continham inscrições com prazo de validade, sugerindo que o kohl também tivesse poderes medicinais.

(esq.) tubo de kohl em madeira e espátula de osso ca. 1550-1307 a.C.;
(dir. sup.) pote e aplicador em pedra sabão ca. 1492–1473 a.C.;(dir. inf.) colher cosmética de madeira e marfim ca.1391-1353 BC 

Desde a década de 60, quando os olhos bem marcados com delineador preto ressurgiram com força total, eles têm se mantido na moda, passando pelos góticos, punks e outros adeptos. Em 2010, com a tendência retrô apontada nos desfiles internacionais, vimos o delineado felino voltar às passarelas e às ruas.

(esq. para dir.) maquiagem primavera/verão 2010 de Oscar de La Renta, Marc Jacobs e Roberto Cavalli

Fontes: livro do Richard Corson e da Ana Carlota R. Vita

Pantone e a moda

Se você não trabalha com design gráfico ou arquitetura ou tecidos, talvez nunca tenha ouvido falar a respeito de Pantone, mas certamente já se deparou com uma miríade de produtos em cores desenvolvidas pela empresa de New Jersey (EUA), sem saber. Em 1963, Lawrence Herbert, o fundador, percebeu que as cores são percebidas diferentemente pelas pessoas e criou um sistema inovador de padronização de pigmentos e tintas de modo a facilitar a impressão nas artes gráficas. Desde então, o sistema se expandiu, sendo também aplicado na indústria têxtil e na produção de tintas. O sistema Pantone (ou PMS - Pantone Matching System®) consiste em livretos em leques, onde thumbnails das cores e variações de matizes e tonalidades com seus respectivos códigos podem ser visualizados. Deste modo, garante-se que o produto final será da exata cor especificada pelo designer, independentemente do equipamento utilizado. Além disso, sob a marca Pantone Universe, a empresa lança uma enorme variedade de produtos, desde xícaras até cartões de crédito com suas cores mundialmente famosas.

Autoridade em tendências de cores em diversas áreas, a Pantone usa sua influência e, desde 2000, elege a chamada "cor do ano". O mero anúncio é garantia certa de sermos bombardeados com uma infinidade de produtos na cor escolhida nos meses seguintes. Em contraste com o turquesa que aludia a um "paraíso tropical, ainda que em fantasia" de 2010, 2011 é madressilva (ou honeysuckle, em inglês), uma cor para "elevar os ânimos", uma flor cujo perfume desperta a "nostalgia dos dias despreocupados de primavera e verão". Em tempos pós-crise, o escapismo do turquesa cede lugar ao entusiasmo primaveril.

Nina Ricci e H&M - primavera/verão 2011

A Pantone também lança relatórios baseados nas cores utilizadas nas coleções criadas para as temporadas de moda. Para a primavera 2011, o tema é "An Exotic Journey" (Uma Viagem Exótica), com cores que evocam lugares remotos como África, Índia, Peru e Turquia.

Paleta de cores para moda feminina - primavera 2011

Paleta de cores para moda masculina - primavera 2011

Quer pegar carona na tendência da cor do ano mas não quer vesti-la dos pés à cabeça? Uma opção é usá-la com cores mais neutras como preto, marrom, caramelo ou branco. Outra opção é usar tons menos saturados da cor pra deixá-la mais discreta.

Ou ainda se for mais ousada, parta para a combinação do madressilva com cores como o amarelo ou roxo.

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Post inspirado neste post e também neste.

O primeiro

Há tempos venho flertando com a ideia de escrever um blog sobre moda e estilo, assuntos que me interessam desde minha infância.  Inicialmente, queria estreá-lo em agosto do ano passado, por ocasião do meu aniversário, mas a preguiça se disfarçou de falta de tempo e me impediu de levar a cabo meu plano. Enrolei até o final do ano, quando a Manoela, grande amiga e incentivadora incansável, me encostou na parede e perguntou: "Quando você vai começar o blog?". Meio que sem pensar, respondi que do dia 06 de janeiro não passaria, e convenientemente não pensei mais no assunto.

Anteontem, dia 05 de janeiro, Manu me lembrou:  "Você sabe que amanhã acaba seu prazo, né?". Pois é, eu até sabia, mas não me lembrava. Entre aflita e ansiosa, corro pra ler e pensar no que escrever no tão temido primeiro post.  Foi então que li um balde de água fria. Em comentário sobre o início da temporada de desfiles de moda, o Sylvain Justum, stylist, jornalista e editor do site da Vogue Brasil, twittou: "E vai começar a Copa do Mundo fashion. Na de futebol, todo mundo é técnico, na de moda são críticos." Com a democratização da internet e acesso quase que instantâneo às informações de desfiles e eventos lotados de celebridades vestindo roupas recém-desfiladas em Milão ou Nova Iorque, realmente muitos se sentem no direito de arriscar sua opinião. Não tenho pretensão nenhuma de ser uma Lilian ou Constanza ou Érika, mas brasileira (ainda que de olhos puxados) que sou, arriscarei meu momento como "técnica" e esboçarei uma ideia ou outra por aqui, com a humilde esperança de que seja no mínimo de algum interesse ou utilidade pra alguém aí pelo mundão da internet. O que me move é a paixão não só pela moda, mas por artes visuais e cultura pop, e se peco por não ser especialista no assunto, ganho no entusiasmo.


Hoje, dia em que vence o prazo dado (e esquecido) por mim mesma, assisti a este curta realizado pela Intel sobre o trabalho do Scott Schuman, o Sartorialist, onde ele conta um pouco de onde veio, de seu processo de trabalho e de como veio a criar um dos blogs de moda mais influentes dos últimos tempos. Simples e singelo, o momento que mais me inspirou foi quando ele afirmou: "My lack of knowledge in the beginning really helped and really just made me refine what little I knew to make it work." (No começo, minha falta de conhecimento realmente me ajudou e me fez refinar o pouco que eu sabia de modo a fazer a coisa funcionar. - minha tradução). Quero acreditar que minha falta de conhecimento na área também possa ser usada pra trazer uma visão sob um ângulo diferente. Peço desde já desculpas por imprecisões e deslizes, por favor, me corrijam quando necessário e opinem.

Portanto, Manu e Scott, dedico a vocês este post, ainda que atrasado. Obrigada.